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terça-feira, 20 de abril de 2010

A rota do lixo eletrônico

Iniciativas de reciclagem e uma nova lei podem reduzir o impacto nocivo do descarte de eletrônicos
Priscila JordãoRevista Info Exame – 04/10/2010

Um celular novo, um televisor cheio de recursos, um notebook mais leve - depois de certo tempo, todos têm necessidade ou vontade de comprar novos produtos para substituir os que ficaram obsoletos. Surge, então, um problema: o que fazer com os eletrônicos antigos? É possível doá-los ou vendê-los. Mas na maioria das vezes o destino é o lixo. Com isso, a montanha de resíduos eletrônicos cresce em alta velocidade. De acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), o volume anual de eletrônicos descartados no planeta aumenta 40 000 toneladas todos os anos.

No Brasil, a luz amarela já se acendeu há algum tempo. O relatório da ONU critica a falta de estratégias do país para lidar com o problema. Depois de 19 longos anos de discussão, a Política Nacional de Resíduos Sólidos foi aprovada em março na Câmara dos Deputados. Pela primeira vez, uma lei distribui a responsabilidade sobre os resíduos entre fabricantes, governo e sociedade.

As empresas serão obrigadas a recolher e dar destino adequado a seus produtos, enquanto o governo e os consumidores não podem fazer descaso do assunto. A lei proíbe a eliminação de resíduos onde possa haver contaminação da água ou do solo. Ainda precisa passar pelo Senado e ser sancionada pela Presidência da República. Mas o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, acredita em sua aprovação.

CHUMBO NA ÁGUA
O principal problema do lixo eletrônico no país é que ainda não há a prática de dar a ele um destino específico. Poucos fabricantes têm um esquema para recolher produtos descartados. "O material vai parar em aterros sanitários junto com o lixo comum", diz Tereza Carvalho, diretora do Centro de Computação Eletrônica da Universidade de São Paulo (USP). Como os aparelhos contêm metais pesados, como chumbo, níquel e cádmio, as consequências são terríveis para o ambiente.

Matéria-prima ou poluição?
Veja aqui o caminho que o lixo tecnológico percorre entre sua casa e o destino final, com ou sem a reciclagem



Um exemplo está nos monitores e televisores de tubo. Com a popularização das telas de cristal líquido, eles são descartados aos milhares. Cada um contém, em média, 1,4 quilo de chumbo. Uma camada do metal fica logo atrás da tela, para proteger o ser humano dos raios catódicos emitidos pelo tubo de imagem. Se ingerido, o chumbo causa danos ao sistema nervoso e reprodutivo. Uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente limita a quantidade de metais perigosos nos novos monitores, mas não pune o lançamento do lixo tóxico no solo. Em março, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo multou a prefeitura de Bauru por irregularidades em seu aterro sanitário. A falha pode estar ligada à suspeita de contaminação por chumbo do Aquífero Bauru, que abastece mais de 200 cidades em São Paulo e Minas Gerais. Um relatório da Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural da cidade apontou um nível de chumbo acima do permitido para os 14 poços monitorados.

RECICLAR É PRECISO
Algumas ONGs, fabricantes e operadoras de telefonia tomaram iniciativas para dar um fim apropriado ao lixo eletrônico. Um dos exemplos é o Centro de Descarte e Reúso de Resíduos de Informática (Cedir) da USP, inaugurado em dezembro. Mauro Bernardes, um dos responsáveis, conta que o lixo era enviado a uma empresa especializada. "Cada recicladora trabalha com um material específico. Se enviávamos computadores para uma que processa plásticos, ela tirava o que interessava e mandava o resto para o lixão", afirma.

O projeto do Cedir é separar o lixo e firmar parcerias com recicladoras, para reaproveitar 98% dos componentes de computadores, impressoras e celulares. Os PCs com condições de uso vão para projetos sociais. Os demais são desmontados. O centro tem capacidade para desmontar 1 000 micros por mês. A ideia é que os recicladores paguem o trabalho com a venda do material. "Uma tonelada de placas de circuito impresso pode conter até 200 gramas de ouro", diz Bernardes. Desde março, o Cedir recebe equipamentos também de pessoas de fora da universidade.

Outras instituições adotam práticas parecidas com as do Cedir. Uma delas é o Centro de Recondicionamento de Computadores, no Centro Social do Colégio Marista, em Porto Alegre (CRC-Cesmar). O centro recebe equipamentos de órgãos públicos e empresas. De cada quatro máquinas, uma é reparada por jovens carentes treinados no local e depois doada a telecentros. As que não servem mais vão para uma recicladora em São Paulo. "Nenhuma empresa faz esse serviço em Porto Alegre", diz Carlos Hoffman, diretor do centro.

O CRC-Cesmar quer desenvolver tecnologia em reciclagem de placas de circuito impresso com a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. No momento, apenas a empresa Umicore processa o material no Brasil, sendo que ele é enviado para a Bélgica para ser tratado. A Umicore também recicla baterias para a Claro. Os resíduos são transformados em agregado para concreto, usado até na construção de diques na Holanda.

ELETRODOMÉSTICOS
Quando se pensa em lixo eletrônico, o problema vai além de peças de informática. A ONG E-lixo, de Londrina, no Paraná, é uma das poucas a receber TVs. Como os monitores de tubo, eles exigem um caro processo de descontaminação para que possam ser devolvidos ao ambiente em segurança. O peso das TVs e suas dimensões atrapalham o armazenamento e o transporte.

Algumas empresas já recolhem seus produtos ao término da vida útil. Philips, Dell, HP, Itautec, TIM e Claro são alguns exemplos. A Philips é a primeira a fazer isso com eletrodomésticos. Na Itautec, 56% do custo com a reciclagem foram cobertos pela venda de materiais usados e de matéria-prima em 2009. Quase sempre, cabe ao próprio consumidor levar o aparelho até um posto de recebimento. Assim, um dos desafios é convencê-lo a fazer isso. Dos 500 000 equipamentos vendidos pela Itautec, só oito pessoas devolveram eletrônicos no ano passado. "Apenas 10% do que comercializamos é devolvido para ser reciclado", diz Kami Saidi, diretor do Programa de Sustentabilidade da HP Brasil. "Não podemos obrigar o cliente a devolver o equipamento. O compromisso precisa ser de todos", afirma.

A Organização SócioAmbiental MiraTerra estará em maio procurando a USP para saber mais detalhes a possibilidade de numa parceria desenvolver um projeto de capacitação e geração de renda na criação de novos pontos de coleta e triagem junto ao CEDIR em outras cidades como Santos, Campinas, Rio Claro e região. "Este é um problema de um tipo de residuo mundial que mais tem crescido devido ao desenvolvimento tecnologico atrelado à uma sociedade consumista e com pouco ou nenhum conhecimento sobre o que causa o descarte incorreto destes produtos eletronicos. E sem o destino correto que deve ser dado aos mesmos, com a criação destes e-ecopontos esperamos, com a devida sensibilização das pessoas empresas e autoridades, criar uma nova consciencia sobre o assunto gerando empregos, renda e principalmente um meio ambiente menos contaminado", enfatiza Marcos Fernandes Gaspar , CEO da MiraTerra.


Veja também:
Como remover a montanha eletrônica

Circuito final

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