O iceberg do tamanho de Luxemburgo que contém água fresca suficiente para abastecer um terço da população do mundo em um ano, rompeu no continente antártico, com possíveis implicações para a circulação oceânica global, disseram os cientistas hoje.
O iceberg, medindo cerca de 80 x 40 km, separou-se da geleira Mertz a cerca de 2.000 quilômetros ao sul da Austrália depois de ser abalroado por um outro iceberg gigante conhecido como B-9B três semanas atrás, segundo as imagens de satélite revelaram.
Os dois icebergs, que juntos pesam mais de 700 milhões de toneladas, estão agora à deriva bem perto um do outro a cerca de 100 quilômetros ao norte da Antártida.
Rob massom, um cientista sênior da Australian Antarctic Division and the Antarctic Climate and Ecosystems Cooperative Research Centre, em Hobart, na Tasmânia, disse que a localização dos icebergs pode afetar a circulação oceânica global e teve importantes implicações para a biologia marinha na região.
A preocupação é que o deslocamento maciço de gelo transformará a composição da água do mar local e prejudicará a circulação normal de água fria e densa que abastece normalmente as correntes oceânicas profundas com o oxigênio.
"A remoção desta língua de gelo flutuante poderia reduzir o tamanho dessa área de mar aberto, o que tornaria mais lento o ritmo de entrada de salinidade no oceano e poderia abrandar o ritmo de formação de águas fundas da Antártida", afirma Massom.
Mario Hoppema, oceanógrafo químico no Instituto Alfred Wegener para Pesquisa Polar e Marinha, na Alemanha, disse que, como resultado "pode haver regiões dos oceanos do mundo, que perderão o oxigênio, e então, naturalmente, a maior parte da vida nessas águas morrerá".
B-9B é um dos maiores icebergs registrado na Antártida. Ele vagava para o oeste antes de ter “colado” em uma geleria, em 1992. Recentemente soltou-se e rumava na direção da geleira Mertz.
A geleira Mertz está entre os maiores icebergs registrados nos últimos anos. Em 2002, um iceberg de 120 quilômetros de comprimento soltou-se da geleira Ross, na Antártida. Em 2007, um iceberg do tamanho de Cingapura soltou-se da geleira Pine Island na Antártida ocidental.
O bloco representa 25% da área de Wilkins, de 14 mil quilômetros quadrados. Segundo o Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC), situado na Espanha, o aquecimento global é a causa do incidente.
Icebergs gigantes que se fragmentaram a partir deste bloco começam a se espalhar pelo Oceano Austral. Uma equipe de pesquisadores do CSIC analisa desde o último domingo, a bordo de uma embarcação de pesquisa oceanográfica, o impacto do fenômeno sobre o ecossistema do Mar de Bellingshausen.
A equipe ainda afirmou que a parede de gelo do Mar de Bellingshausen diminuiu 550 quilômetros em duas semanas. Os cientistas disseram que as temperaturas da água são extraordinariamente quentes nesta região. Segundo os pesquisadores, o desprendimento e a fragmentação do enorme bloco de gelo provocará um aumento no nível do mar.
Nos últimos 50 anos, a Antártica recebeu o maior aumento de temperatura registrado no planeta: 0,5ºC por década.
Orbitando a 700 quilômetros de altitude, o satélite de sensoriamento remoto TERRA, da Nasa, captou a colisão em detalhes, que pode ser vista na animação.(link no titulo do post)
A primeira imagem foi registrada em 7 de fevereiro de 2010, quando o gigantesco iceberg ainda se aproximava da lingueta do glaciar, ao mesmo tempo que pedaços de gelo flutuavam na água entre o iceberg e a costa de Mertz. Repare que a extremidade, apesar de fraturada, está presa ao glaciar.
A segunda imagem já mostra a região instantes após a colisão, com a lingueta de Mertz completamente desconectada da massa de gelo, formando um novo iceberg. Na terceira cena vemos o iceberg sendo empurrado para longe do glaciar.
Medindo cerca de 2,5 mil quilômetros quadrados se desprendeu da geleira Mertz, na Antártica Oriental e está flutuado na região na altura da Tasmânia, ao sul da Austrália.
A área do iceberg é tão grande que abrange um território equivalente a quase duas cidades de São Paulo ou aproximadamente a metade do Distrito Federal. Os pesquisadores australianos acreditam que a grande massa de gelo poderá bloquear uma região que produz um quarto de toda a água densa e gelada do mar e assim causar alterações nas correntes marítimas do planeta.
Os cientistas alertam que a interrupção no fluxo normal dessas águas geladas afetaria as correntes oceânicas e os padrões do clima ao longo dos anos. Por consequência, o inverno ficaria mais rigoroso no Atlântico Norte, por exemplo.
"Esta área é responsável por cerca de 25% de toda a produção da água de baixo na Antártica e, portanto, irá reduzir a taxa de circulação de cima para baixo", afirmou Neal Young, glaciologista do Centro de Pesquisa de Ecossistemas e Clima Antártico na Tasmânia, se referindo as mudanças que podem acontecer.
"Você não irá ver isso imediatamente, mas haverá efeitos corrente abaixo. E também haverá implicações para os pinguins e outros animais selvagens que normalmente usam esta área para alimentar-se", completou Young.
Segundo os pesquisadores, o iceberg em questão se deslocou após a colisão com outro iceberg mais antigo e ainda maior, o B-9B, que se rompeu em 1987.
A geleira de Mertz, caracterizada como em espécie de língua na ponta do continente antártico já está quase quebrada. “Ela está pendurada como um dente frouxo", disse outro glaciologista, o francês Benoit Legresy. "Se os icebergs ficarem nesta área, eles podem bloquear a produção desta água densa”, acrescentou Legresy.
(Tradução livre: fonte Croft Ativismo e Apolo11)
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