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sexta-feira, 5 de março de 2010

Carlos Nobre: SP é exemplo das mudanças climáticas


“O clima já mudou e reverter totalmente a situação é impossível”. É o que diz o climatologista Carlos Nobre, membro do IPCC e conselheiro do Planeta Sustentável, para quem a adaptação às mudanças climáticas é tão urgente quanto a sua mitigação. Mas como podemos nos preparar?

As noites paulistanas estão muito mais quentes, a quantidade e intensidade das chuvas quase dobrou, com relação a 2009, e a incidência de descargas elétricas, que podem ser fatais para os seres humanos, é cada vez maior na cidade. Tudo acontece ao mesmo tempo e, segundo Carlos Nobre – que é pesquisador do Inpe/Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, membro do IPCC/Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática e conselheiro do Planeta Sustentável –, não se trata de uma infeliz coincidência: “São Paulo é, hoje, um exemplo incontestável das mudanças climáticas, causadas por nossas próprias atitudes”.

Em evento promovido pelo Conselho Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável, que aconteceu ontem, no auditório da FGV – Fundação Getúlio Vargas, e reuniu especialistas para discutir a vulnerabilidade da população aos eventos climáticos extremos, Nobre afirmou que o clima mudou drasticamente e mitigar totalmente as mudanças climáticas já é impossível. “Agora, precisamos nos concentrar em medidas paliativas, mas, mais do que isso, é importante nos adaptarmos ao novo cenário climático que criamos, porque a tendência é piorar”, ressaltou.

O QUE ESPERAR?
Prever, com certeza, o que acontecerá com o clima é impossível. Mas, baseado em dados de entidades sérias e especializadas no assunto, como o Inpe e o IPCC, Carlos Nobre deu à platéia uma noção do que os brasileiros viverão daqui pra frente com relação ao clima. Vejamos:

- São Paulo deixará de ser a “Terra da Garoa”. As tempestades presenciadas nos meses de janeiro e fevereiro pela população da cidade aumentarão. Segundo o climatologista, as chuvas acima de 50 mm/dia serão, no mínimo, 30% mais frequentes até 2050 e, até o final do século, essa porcentagem crescerá para 50%;
- A temperatura no município aumentará. De acordo com dados da Estação Metereológica da USP, desde a década de 30, a temperatura média de São Paulo subiu 2,5ºC – no mínimo, 0,5ºC por culpa do aquecimento global – e a tendência é que o calor piore. Para aqueles que sofreram com as altas temperaturas nos primeiros meses do ano, Nobre avisa: “A tendência é que os meses de outubro e novembro superem o calor de janeiro e fevereiro. Trata-se de um fenômeno típico da tropicalização causada pelas mudanças climáticas”;
- No Rio de Janeiro, a situação se repete. As temperaturas extremas dos últimos meses passarão a ser o “verão comum” do carioca, em 2030. Sem contar que as chuvas também ficarão cada vez mais fortes e a população que mora em regiões costeiras, como Jacarepaguá e Baixada Fluminense, passará a viver sob a constante ameaça de tragédias ambientais, como deslizamentos;
- O resto do Brasil vivenciará situações semelhantes, que comprometerão, entre outros fatores, a agricultura do país e a saúde da população. E mais: o semiárido do nordeste e as áreas pobres das grandes cidades serão as primeiras a sofrer com as mudanças climáticas;
- Em 2070, as altas temperaturas inviabilizarão a produção do café Arábico – o principal grão consumido, hoje, no Brasil – e a chance de presenciarmos uma epidemia de dengue será grande, já que o mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti, se reproduz com maior frequência no clima quente. “As altas temperaturas propiciarão esses e muitos outros problemas. Combatê-los dependerá das medidas do governo e da própria sociedade civil”, acrescentou o climatologista.

O QUE FAZER?
Ao lado dos especialistas Mario Thadeu de Leme Barros, engenheiro civil da Poli-USP, especializado em drenagem de água, e Marcelo Gramani, do IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas, Carlos Nobre listou uma série de medidas que podem ser adotadas para diminuir a vulnerabilidade das cidades aos eventos climáticos extremos.

Entre elas:
– plantar e preservar as árvores, que aliviam a temperatura nas ilhas urbanas de calor que se formam nas grandes cidades por conta do asfalto;
– construir parques lineares, para aumentar as áreas de várzea nas cidades, o que ajuda a combater as enchentes;
– aumentar o controle da impermeabilização e ocupação de áreas nas margens dos rios;
– melhorar o planejamento urbano, o que exige, também, uma mão de obra mais capacitada no setor;
– mapear as atuais áreas de risco, para promover projetos de drenagem eficientes na região e, também, realocar as moradias que estão em risco;
– mapear futuras áreas de risco, a fim de fiscalizar e evitar o aumento da ocupação irregular na região;
– traçar planos de contingência para situações de eventos climáticos extremos
– e treinar a população para agir, de forma segura, em tais situações.

Nobre ainda destacou a importância da adoção de medidas que evitem o agravamento do cenário das mudanças climáticas, como, por exemplo, os programas de redução das emissões de gases causadores do efeito estufa.

Leia também:
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Por um país tropical desenvolvido
Preservação e desenvolvimento: é possível conciliar

*Inpe
*IPCC


Um comentário:

  1. Boa tarde.
    Muito bom o seu espaço, muito relevante. Gostei, vou espiar com mais calma.
    FOI DESSE JEITO QUE EU OUVI DIZER... deseja um bom domingo para você.
    Saudações Florestais !
    http://www.silnunesprof.blogspot.com

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