Os quase 200 países reunidos na 16ª Conferência sobre Mudanças Climáticas da ONU (COP-16), em Cancún, no México, aprovaram um documento final na madrugada do sábado (11/12). A Bolívia divergiu das conclusões e foi o único país a não assinar. Ambientalistas avaliam que faltou compromisso mais concreto dos países. Apesar de avanço, o resultado ficou aquém do que poderia.
O principal acordo foi o estabelecimento de um Fundo Verde do Clima. A medida visa financiar ações de combate ao aquecimento global nos países em desenvolvimento. Inicialmente, serão destinados US$ 28 bilhões por meio de repasses até 2012. A partir de 2020, a verba deverá chegar a US$ 100 bilhões por ano.
“A criação do fundo é importante, principalmente para países pobres que sofrem mais com catástrofes climáticas. Está previsto um comitê de transferência de tecnologia para viabilizar o desenvolvimento disto nesses países”, afirma o coordenador do Programa Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil, Carlos Rittl. “Mas temos que avançar para acordos robustos no próximo ano”, completa.
“Trata-se ainda de uma fase sem compromissos. Isto ficou mais claro agora do que em Copenhagen (na Dinamarca, onde ocorreu a Cop-15). A conferência não mudou a substância. A diplomacia ainda não vai negociar compromisso”, avalia o diretor da Amigos da Terra, Roberto Smeraldi.
Durante a COP-16, também foi aprovado um mecanismo para compensar os países tropicais pela redução do desmatamento, o Redd (Redução de Emissões de Desmatamento e Degradação de Floresta). O desmatamento responde por cerca de 15% das emissões globais de CO2 na atmosfera.
“Sobre o Reed, foram definidos poucos pontos, nada substancial. Faltaram números e prazos na conferência como um todo”, diz a coordenadora da Campanha de Clima do Greenpeace, Nicole Oliveira.
Outras decisões importantes foram deixadas para depois. A principal delas corresponde à continuidade do Protocolo de Kyoto, devido à resistência de Japão, Rússia, Canadá e Estados Unidos. O documento final da COP fala apenas em evitar um hiato na proteção ao clima após 2012, quando Kyoto expira.
“Se você acaba com Kyoto, a tendência é que tenha de começar a discussão do zero e não vamos chegar a um fim”, alerta Rittl. “Cada país vai para essas negociações pensando apenas em si. Fala-se muito no discurso que as mudanças são urgentes, mas na prática sobressaem-se interesses individuais”, analisa Nicole.
Também, os países ricos, principais responsáveis pelas emissões de gás de efeito estufa no mundo, seguem sem metas concretas para reduzir a quantidade de CO2. O texto final de Cancún apenas diz que, entre 2013 e 2015, acontecerá uma revisão das metas de longo prazo da redução de emissões no mundo inteiro.
O que mais atrapalha neste tipo de negociação global, para Smeraldi, é a falta de países que assumam a liderança. “Quando países significativos dentro da comunidade internacional resolverem sair na frente, imediatamente estarão dadas as condições para que a diplomacia encontre negociações efetivas”, acredita.
“Houve risco de essa COP desmantelar. No começo, o Japão já chegou dizendo que não aceitaria Kyoto e isso instaurou um clima desconfortável que prejudicou os resultados. Houve muita barganha”, revela a coordenadora do Greenpeace.
Segundo Smeraldi, a crise climática deve ser enxergada como uma oportunidade de inovação tecnológica e de competitividade, mas as medidas para contê-la ainda são vistas como custo. “A lógica diplomática tem sido: ‘eu reduzo emissões somente depois de você’”, explica.
A Organização Sócio Ambiental para Biodiversidade MiraTerra foi criada em 2005 com a conotação de chamar a atenção no sentido de as pessoas “olharem para o planeta” como um todo e sua biodiversidade. "Haverá um dia em que o homem renegará a própria espécie por vergonha de seus atos que o levarão à quase auto extinção. Assistindo, quem sobreviver, a um novo planeta que se regenerará por si só, quando o ser humano não estiver mais tendo a prepotência de brincar de Deus!” Marcos Fernandes Gaspar
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